terça-feira, 5 de abril de 2011

Entrevista a Helena Mendes

- Se pudesse reformar agora reformava-se?
Sim, porque creio que no actual contexto sociopolítico e económico, em que se encontra a educação no nosso país, creio poder transmitir aos outros o meu saber e a minha visão.
- Se tivesse oportunidade, mudaria de emprego?
Gosto muito do trabalho que exerço junto dos meus alunos, amigos como lhes chamo e particularmente, da motivação para o encanto da matemática que tento sempre transmitir-     -lhes. Neste sentido, talvez não mudasse de emprego, até porque a arte de ensinar, não é um emprego que se mude mas uma vocação interior.
- É verdade que alguns professores podem falar mal dos alunos, fora da escola?
Não creio que seja bem assim. Penso que a situação de alguém pensar que alguém fala mal de si próprio, tem a ver com inseguranças das pessoas envolvidas. Devemos pois fazer o nosso percurso escolar descontraidamente e não dar lugar a inseguranças conflituosas e que podem causar mau estar.
- Concorda com as manifestações dos professores?
O podermo-nos manifestar nas ruas é um direito adquirido , no entanto penso que os professores pela dignidade da profissão que abraçam, a manifestação na rua deve ser sempre um último recurso. Penso, também, que, nestes casos pais e alunos deveriam estar sempre informados das razões dos professores e com eles se manifestarem, me prol de uma escola de sucesso para todos.
- Dá muito trabalho corrigir testes?
Os testes fazem parte do processo de avaliação dos nossos alunos e como tal dão o trabalho necessário e suficiente. Claro, quando um professor está a corrigir testes com bons resultados, a motivação é maior, dada a proximidade aos alunos, pelo que se torna mais fácil do que se um professor tiver a ver testes com resultados menos bons.
- Concorda com a existência de testes?
Como já disse anteriormente, os testes fazem parte do processo de avaliação de um aluno. Convém, também, esclarecer que são um dos vários elementos de avaliação que um professor tem ao seu dispor. Os testes devem ser encarados com naturalidade, quer pelos professores quer pelos alunos.
- O que é mais difícil de fazer na sua profissão?
Na minha profissão e na sala de aula perante 28 ou 29 alunos é efectivamente difícil conseguir superar as dificuldades que alguns alunos têm e que podem ter a ver com falta de requisitos, com problemas de saúde ou mesmo problemas económicos e vê-los trabalhar com empenho e motivação sem conseguirem os resultados esperados.
- O que é que acha da avaliação dos professores?
Tal como a avaliação dos alunos, a avaliação dos professores é necessária, tal como em qualquer profissão. No entanto não concordo com o modelo de avaliação que existe de momento nas escolas, não sei bem suspenso ou não e que jamais pode contribuir para termos melhores professores, melhores escolas e melhores alunos.
- Pode haver uma boa relação aluno - professor, como se fossem amigos?
Tal como numa relação de um aluno com os seus pais, na relação aluno – professor é fundamental haver respeito, compreensão e empenho pelo mesmo fim. Nesta base, considero que poderá ser cimentada uma relação de amizade que resultará de certeza em melhores prestações por parte do aluno. Considero sempre que o afecto e a amizade conseguem um mundo melhor e por isso, porque não, uma escola melhor.
- O que acha da profissão de professor, actualmente ?
Ser professor hoje em dia, é como sempre foi uma tarefa bela de relações humanas em que o professor tenta sempre transmitir os seus saberes, culturas e valores aos seus alunos. Actualmente, esta tarefa é muita dificultada por vivermos uma situação socioeconómica muito desfavorável para as famílias, para os nossos alunos e até mesmo para os professores. No entanto, penso que devemos sempre ver as dificuldades como algo positivo, como desafios.


Mafalda Mendes

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